Em mais um capítulo da tensão entre Estados Unidos e Irã, o ex-presidente americano Donald Trump anunciou que países e empresas que adquirirem petróleo iraniano estarão sujeitos a sanções severas, o que eleva a incerteza no já pressionado mercado global de energia.
A declaração foi feita nesta quinta-feira (1º) em uma publicação na plataforma Truth Social, rede social de Trump. De forma categórica, ele escreveu:
“Qualquer país ou pessoa que comprar QUALQUER QUANTIDADE de PETRÓLEO ou PETROQUÍMICOS do Irã estará sujeito, imediatamente, a Sanções Secundárias. Eles não poderão fazer negócios com os Estados Unidos da América de nenhuma forma”.
A volta da “pressão máxima” contra o Irã
Essa postura marca a retomada da estratégia de “pressão máxima”, adotada por Trump em seu primeiro mandato com o objetivo de estrangular economicamente o Irã e forçar o país a renegociar os termos de seu programa nuclear.
Na prática, as chamadas sanções secundárias significam que qualquer empresa, inclusive fora dos EUA, que comercializar petróleo iraniano poderá ser banida de operar no mercado americano — uma medida que afeta bancos, seguradoras, transportadoras e grandes conglomerados globais.
Negociações suspensas e clima de tensão diplomática
A ameaça surge em meio a um novo impasse nas negociações nucleares entre Washington e Teerã. Segundo a Bloomberg, uma rodada de conversas que estava prevista para este fim de semana foi adiada, e fontes americanas informaram que nunca confirmaram presença na rodada anterior.
A diplomacia entre os dois países permanece frágil desde que Trump, ainda presidente, retirou os EUA unilateralmente do acordo nuclear de 2015, firmado sob o governo de Barack Obama. Desde então, o Irã tem ampliado seu programa de enriquecimento de urânio, enquanto os EUA mantêm sanções econômicas.
China e Índia no foco das sanções
O Irã exportou aproximadamente 1,7 milhão de barris de petróleo por dia em abril, segundo estimativas de mercado. Grande parte dessa produção tem como destino a China e a Índia, dois dos maiores importadores de energia do mundo.
De acordo com a CNBC, o verdadeiro alvo da nova ofensiva diplomática são as empresas estatais chinesas, que lideram as importações de petróleo iraniano. Analistas, no entanto, destacam que as sanções só terão impacto significativo se atingirem diretamente a infraestrutura e logística de transporte utilizadas por Pequim.
Implicações no mercado energético global
A ameaça de sanções gera apreensão no mercado de petróleo, já afetado por conflitos geopolíticos no Oriente Médio e tensões comerciais entre potências. Qualquer obstáculo ao fluxo de petróleo iraniano pode pressionar os preços internacionais, influenciar a inflação global e afetar diretamente países dependentes da importação de combustíveis.
Além disso, há o risco de retaliações indiretas por parte do Irã, que pode agir contra aliados dos EUA na região ou dificultar a navegação no estratégico Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo comercializado no mundo.
Política externa em tom eleitoral
Com a aproximação das eleições presidenciais nos Estados Unidos em novembro de 2024, Trump vem intensificando sua retórica em temas internacionais, sobretudo no que diz respeito ao Irã, à China e à segurança nacional.
Apesar do tom agressivo, ele afirmou que ainda tem interesse em alcançar um novo acordo nuclear com Teerã, mas em termos diferentes e mais rígidos do que os pactuados durante o governo Obama.
Conclusão: incerteza para o mundo, instabilidade para o mercado
A ameaça de sanções feita por Donald Trump não é apenas uma questão diplomática. Ela interfere diretamente no equilíbrio energético global, nas relações comerciais entre potências e na estabilidade do Oriente Médio.
Se levadas adiante, essas sanções podem romper cadeias de abastecimento, elevar o preço do petróleo e aumentar tensões militares na região. O mundo observa com atenção o desenrolar dessa crise, que mais uma vez mostra como a geopolítica do petróleo continua sendo uma peça-chave no tabuleiro internacional.